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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Luxo nas alturas


Jatos executivos replicam o requinte e sofisticação de hotéis cinco-estrelas para proporcionar conforto a seus passageiros, seja em viagens a passeio, seja a negócios.

Imagine voar em uma suíte do luxuoso hotel parisiense George V. Isso mesmo. Foi em acomodações desse nível que a Embraer se baseou para entrar no disputado mercado de aviões executivos de longa distância e alto luxo. Seu jato Lineage 1000, com 37 metros de comprimento, é capaz de voar de São Paulo a Lisboa sem escalas, com até 19 passageiros, ao preço inicial de US$ 53 milhões. É a maior e mais cara aeronave produzida pela fabricante de aviões de São José dos Campos. O espaço interno, semelhante ao de um apartamento de 70 metros quadrados, comporta uma cama de casal e chuveiro.

Escritório para poucos: o Global 6000, da Bombardier, define os equipamentos e o 
acabamento de acordo com a escolha do cliente - Crédito: Ricardo Beccari

A empresa oferece mais de cinco mil opções para decoração – há 60 modelos de tapetes, por exemplo. No Brasil, por enquanto, só existe um modelo em operação, que está a serviço da Presidência da República. Mas 18 unidades já foram entregues ao redor do mundo, especialmente no Oriente Médio, na China e no México. O principal concorrente do Lineage 10000 é o Global 6000, o avião mais sofisticado da arquirrival canadense Bombardier, para voos ultralongos e que custa US$ 60 milhões. É considerado o mais moderno do mundo e o que dispõe de maior autonomia de voo, com 11.112 quilômetros, o que daria para contornar quase meio planeta Terra.

Brasileiro top de linha: o Lineage 10000, da Embraer, usado como avião da Presidência,
 é o mais sofisticado já feito pela empresa - Crédito: Dimitri Lee

O Global 6000 pode conectar Moscou a Los Angeles, sem escalas, com até oito passageiros e quatro tripulantes. Outra novidade desse modelo da Bombardier é a Global Shower, o primeiro chuveiro instalado em jato executivo. Pelo menos uma unidade já foi vendida no Brasil. “Nosso cliente brasileiro tem um gosto peculiar”, afirma Fabio Rebello, diretor-geral da Bombardier no País. “Para ele, assim como para outros clientes ao redor do mundo, o maior desejo é não só economizar tempo, como também ter o mais alto grau de conforto e conveniência.” Quando se trata de helicópteros a disputa pelo mais luxuoso do mercado também é grande.

O modelo mais caro da Helibras, no Brasil, é o EC 155, da família Dauphin, com capacidade para até 12 passageiros, ao preço de US$ 10 milhões. “Trata-se de um aparelho com tecnologia de ponta e uma enorme capacidade de operação”, conta François Arnaud, vice-presidente da Helibras. O EC 155 tem um bagageiro compatível com o número de passageiros e é muito silencioso graças a um item exclusivo, o Fenestron, peça que envolve o rotor da cauda, melhora a estabilidade e reduz os ruídos durante a operação. Recentemente, a empresa trouxe ao país o EC 145 Mercedes-Benz, com capacidade para dez passageiros e capaz de pousar até em algumas ruas e avenidas.

Conforto de hotel: os aviões mais requintados da Bombardier e da Embraer 
oferecem requinte desde a cabine até o banheiro - Crédito: Paulo Fridman

“Tudo isso com o interior desenvolvido pelo estúdio de design da Mercedes-Benz”, afirma Arnaud. Preço: a partir de US$ 8 milhões. Outro modelo que caiu no gosto do empresário brasileiro é o Grand New, da AgustaWestland que também custa US$ 8 milhões. É um dos mais procurados pelos empresários do país. O helicóptero transporta sete pessoas, mais o piloto, e pode percorrer até 785 km sem escalas. Ele é fabricado em fibra de carbono e utiliza tecnologia similar à dos carros de Fórmula 1. O modelo possui também visão sintética, tecnologia que permite um acesso visual mais amplo ao exterior.

Fonte: Andrea Assef (IstoÉ Dinheiro)

Jatinho ou helicóptero? Escolha o seu.


Para voos longos ou curtos, para pousar em aeroportos ou em gramados de campos de futebol, há opções para todas as necessidades.

Ninguém gosta de errar em uma compra. Agora, imagine se o produto em questão custar US$ 10 milhões, US$ 20 milhões ou US$ 30 milhões! Como a aquisição de um jato executivo ou de um helicóptero significa um investimento de alto valor, é fundamental que a pessoa saiba exatamente o que quer. “Não existe uma aeronave melhor do que a outra. O que define é sua necessidade”, diz José Eduardo Brandão, diretor-geral da Synerjet. “Por isso, a primeira coisa é fazer uma varredura no mercado, conhecer os fabricantes, os modelos, as propostas de financiamento.” A Synerjet é representante exclusiva no Brasil dos aviões da canadense Bombardier, da suíça Pilatus e dos helicóperos da fabricante anglo-italiana AgustaWestland. De acordo com Brandão, tudo vai depender da missão que o aparelho terá de cumprir.

Brandão, da Synerjet: "Não existe uma aeronave melhor do que a outra.
 O que define é sua necessidade" - Foto: Daniel Wainstein

“Se for um deslocamento curto (entre 100 km e 400 km), o helicóptero pode ser a melhor opção, pois é possível chegar mais próximo ao local e com menos dificuldade operacional, já que não será preciso pousar em aeroporto”, explica Brandão. A distância a ser percorrida também é outro dado importante. A fase em que o avião mais gasta combustível (que significa de 25% a 30% do custo da aeronave) é na decolagem. Dependendo do modelo pode levar até 20 minutos. “Se o trajeto é curto, o custo fica antieconômico”, diz ele. O tipo de pista em que a aeronave vai aterrissar também é um item fundamental. Para pistas de terra, o mais indicado é um turbo-hélice que opere bem em condições rudimentares, como o Pilatus PC 12, de US$ 4,2 milhões. Os preços das aeronaves variam de acordo com a marca e o modelo.

Um Challenger 300, da Bombardier, custa cerca de US$ 24 milhões. Tem autonomia de voo suficiente para viajar cerca de quatro mil quilômetros, a distância entre São Paulo e Porto Rico, sem escalas de reabastecimento, com oito passageiros. Possui um sofá que pode ser transformado em cama, tem poltronas mais largas e permite que os passageiros tenham acesso ao bagageiro. Já o Legacy 650, da Embraer, que tem o ator chinês Jackie Chan como cliente (ele é o embaixador da marca Embraer Jatos Executivos), custa US$ 30 milhões e consegue voar sem escalas entre Beijing e Dubai ou entre Hong Kong e Adelaide. Com três regiões distintas de cabine, o Legacy 650 tem Wi-Fi e ruído de cabine significativamente reduzido. O avião possui ainda uma cozinha totalmente equipada. Ou seja, tudo depende do gosto – e do bolso – do freguês. As empresas também dão uma mãozinha.

Arnaud, da Helibras: "Levamos em conta distâncias e a frequência dos voos 
para identificar a melhor opção" - Foto:  Piti Reali

A Helibras, fabricante de helicópteros, do grupo francês Eurocopter, por exemplo, possui uma equipe de vendas preparada para auxiliar o cliente na escolha por meio de uma gama de informações de acordo com o perfil do comprador. “Levamos em conta as distâncias a serem percorridas e a frequência dos voos para que a pessoa possa identificar a melhor opção”, afirma François Arnaud, vice-presidente da empresa. “A pior coisa que pode acontecer é comprar um avião errado”, diz Brandão. “A pessoa se empolga porque o amigo comprou e acaba gerando frustração.” É o caso, por exemplo, da empresa que compra um jato muito pequeno que não consegue transportar sua equipe de executivos ou de quem adquire um avião de longo alcance, quando não pretende viajar pelo mundo todo.

Fonte: Andrea Assef (IstoÉ Dinheiro)

O voo alto da aviação executiva


O mercado aeronáutico ignora a crise lá fora e a desaceleração da economia. As vendas crescem a um ritmo de 5% e garantem um horizonte promissor ao setor.

O mercado de aviação executiva, um termômetro do humor dos empresários poderosos, sofre os solavancos e as turbulências da economia brasileira neste ano. Mesmo assim, terminará 2012 com um aumento de 5% no volume de aquisições de aviões e helicópteros, segundo a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag). O resultado representará mais do que o dobro do crescimento do PIB, na casa de 2%, esperado para este ano.Tudo indica que a fase de vento cruzado (aquele que vem de lado e aflige os pilotos) já passou. “Entre abril e maio, tivemos uma curva de crescimento perto de zero”, afirma Ricardo Nogueira, vice-presidente executivo da Abag. “O receio de fora, representado pela crise europeia e pela desaceleração econômica nos Estados Unidos, se instalou no País.”

Bombardier Learjet 60: a demanda cresce com a necessidade das empresas de viajar
 para lugares distantes, como Índia e China - Foto: Paul Bowen

No entanto, segundo ele, o mercado de aviação executiva no Brasil continua desafiando os dogmas da economia. “Estávamos numa calmaria quando veio um tufão de boas notícias em agosto, na feira de aviação, a Labace, e fechamos vários negócios”, diz Nogueira. O Brasil possui a segunda maior frota de aviação geral do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Na aviação executiva, a frota brasileira é de 1.650 aeronaves, sendo 650 helicópteros, 350 jatos e 650 turboélices. A cidade de São Paulo, principal centro econômico do País, concentra 35% do total (577 aeronaves). Operam no Brasil 4% de todos os helicópteros do mundo, segundo a IHST (International Helicopter Safety Team).

Nos últimos dez anos, a frota de helicópteros do Brasil cresceu 58,6%, um ritmo três vezes maior do que a frota de aeronaves em geral, que aumentou 18,7%. A Helibras, que detém 48% do mercado executivo de helicópteros nacional, já entregou 23 unidades para o segmento até outubro deste ano. “Em 2011, entregamos 26 helicópteros para o mercado executivo”, diz François Arnaud, vice-presidente comercial e de marketing da Helibras. Dos 1.325 heliºcópteros civis em todo o Brasil, 541 estão no Estado de São Paulo. E a tendência é que o mercado continue a crescer nos próximos anos. O mesmo vale para os jatos. Nos dois casos, quem procura por esse tipo de aparelho está atrás do maior objeto de desejo da humanidade no século 21: tempo.



“Quase na sua totalidade, os clientes brasileiros da Embraer adquiriram aeronaves em razão do crescimento dos seus negócios e pela constatação de que o jato executivo é uma ferramenta de trabalho”, diz Marco Túlio Pelegrini, vice-presidente de operações da Embraer. De acordo com ele, são empresários de setores como o agronegócio, químico, construção civil, automotivo e profissionais liberais, entre outros, que aproveitaram o bom momento econômico brasileiro para ser mais produtivos, com a velocidade, privacidade, segurança e flexibilidade que a aviação executiva oferece. Segundo um levantamento da consultoria americana JetNet e da Embraer, da frota mundial de 18.284 jatos executivos, 55% foram adquiridos por pequenas empresas e 11% pelo departamento de voo de grandes companhias.

Apenas 4% das aeronaves estão nas mãos de pessoas de alto poder aquisitivo. Isso comprova que um jato executivo é, cada vez mais, uma ferramenta de trabalho no mundo dos negócios. Nos próximos dez anos, estima-se que o Brasil vá precisar de 400 a 450 novas aeronaves, um mercado avaliado entre US$ 5,5 bilhões e US$ 6 bilhões. No mundo, até 2022, a expectativa é de uma demanda de 7,8 mil aeronaves, equivalente a US$ 205 bilhões, em um quadro mais conservador, e de 9,3 mil aeronaves ou US$ 246 bilhões num cenário de crescimento. A Embraer já entregou 110 jatos executivos no mercado brasileiro, desde 2000, quando entrou nesse segmento. A empresa de São José dos Campos vende seus jatos executivos para os EUA, Oriente Médio e China, principalmente.

Pelegrini, da Embraer: "Nossos clientes brasileiros constataram que o
 jato executivo é uma ferramenta de trabalho" - Foto: Divulgação

“O interessante é que, nos últimos cinco anos, o Brasil foi o país que mais recebeu registro de novos jatos executivos depois dos EUA, a metade formada por aparelhos da Embraer”, afirma Pelegrini. Para ele, ainda há muito espaço para alçar voo no Brasil. Basta comparar com os EUA, que têm um território de dimensões continentais, semelhante ao brasileiro, e uma frota de 11,1 mil jatos executivos. “Temos muito para conquistar”, diz Pelegrini. A Embraer registrou lucro líquido de R$ 132,5 milhões no terceiro trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 200 mil no mesmo período do ano passado, informou a companhia, na terça-feira 23.O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou R$ 336,9 milhões entre julho e setembro, valor acima dos R$ 311,4 milhões do mesmo período de 2011.

Entre julho e setembro, a empresa fez a entrega de 27 aeronaves ao mercado da aviação comercial e despachou 13 aviões executivos. O ano de 2012 também tem sido muito bom para a Bombardier, que detém um market share de 20% no País, com mais de 130 aeronaves registradas no território nacional. Os bons ventos não sopram para a empresa apenas no Brasil, mas também em outras partes do mundo todo. “Tivemos 134 pedidos líquidos no segundo trimestre do ano e as atividades e os interesses no mercado brasileiro estão crescendo”, disse Fabio Rebello, diretor-geral da Bombardier no Brasil. De acordo com ele, a demanda por jatos executivos cresce porque acompanha a necessidade das empresas de viajar para lugares distantes, como Índia, China e Oriente Médio.


Fonte: Andrea Assef (IstoÉ Dinheiro)