Bimotor colidiu em paredão de rochas em Chapada e quatro morreram.
De acordo com o Corpo de Bombeiros chovia muito no momento do acidente.
Destroços da aeronave foram encontradas em morro de Chapada dos Guimarães (Foto: Reprodução/TVCA)
O piloto do bimotor de modelo Seneca, Thyago Santoro, que colidiu
contra um paredão de rochas em Chapada dos Guimarães, a 65 quilômetros
de Cuiabá, nesta quinta-feira (1º), que culminou na morte dele, do
copiloto e de mais dois engenheiros do governo do estado chegou a pedir
socorro antes do acidente. De acordo com o Corpo de Bombeiros chovia
muito no momento do acidente. “A informação que chegou para nós de
outros pilotos é que ele deu o código internacional de emergência e,
logo em seguida, deu um grito. Depois disso sumiu um ponto do radar”,
afirmou Oscar Coiado Júnior.
O acidente aconteceu no final da tarde desta quinta-feira. De acordo
com o plano de voo, a aeronave saiu de Confresa, a 1.064 quilômetros da
capital, com destino a Cuiabá. A 200 quilômetros de Cuiabá, o avião
bateu em uma região de morro. Um chacareiro prestou auxílio às buscas
pelos destroços da aeronave.
“Já na região nós encontramos um chacareiro que avistou a asa do avião
no entardecer. Ele nos auxiliou a encontrar o local onde o avião
colidiu com o paredão. Nós começamos as buscas no local exato onde houve
a colisão por volta das 4h desta sexta-feira e localizamos o avião às
06h”, confirmou o sargento do Corpo de Bombeiros, Adilson de Arruda.
O resgate dos corpos foi feito por meio da técnica de rapel. Uma equipe
formada por policiais militares, Corpo de Bombeiros e peritos usaram
cordas e ganchos para acessar as ferragens. A retirada dos corpos foi
demorada e delicada. Além de Thyago Santoro, morreram dois engenheiros
civis da Secretaria Estadual de Pavimentação e Transporte Urbano (Septu)
e mais o copiloto.
Orlando Monteiro da Silva (58) e Sidney Benedito Nunes (57) tinham
viajado a serviço para participar de uma reunião que havia discutido as
obras de pavimentação da MT-322. O governador Silval Barbosa decretou
luto oficial de três dias pela morte das vítimas. O quarto integrante da
aeronave, um copiloto, não foi identificado oficialmente. Os corpos das
vítimas foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML), em
Cuiabá. Técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Cenipa) já se deslocaram ao local para investigar as
circunstâncias do acidente.
Aluno e professor exemplares

Thyago fez o curso de pilotagem profissional de aeronaves em uma
universidade particular de Cuiabá. De acordo com o coordenador do curso,
Henrique César Galina, o piloto foi o melhor aluno da turma. “Era o
melhor aluno da sala. O Thyago era um profissional exemplar. Nunca teve
problemas nas aulas, era cauteloso. Com certeza, tudo o que aconteceu
foi uma fatalidade. A perda do Thyago é inestimável para a aviação
brasileira”, afirmou.
Anos depois de concluir o curso, Thyago passou a dar aulas na mesma
universidade em que se formou. Ainda de acordo com o coordenador do
curso, Thyago dominava o inglês e era apaixonado pela aviação.
Nesta sexta-feira em que é celebrado o Dia de Finados, o piloto voltava
para casa onde iria comemorar com a família o aniversário da mãe. Ele
era evangélico e noivo. “Ele era uma pessoa extremamente simples. Era
muito fácil de tratar com ele. É uma pessoa que já está fazendo uma
falta danada. A gente está constrangido e realmente com o coração
trincado com a perda desse excelente amigo e desse irmão que a gente
tinha”, destacou Oscar Júnior.
Em uma rede social, Thyago chegou a refletir sobre a morte que, segundo
ele, beira cotidianamente a vida dos pilotos. “"Em ti (senhor) confio
as minhas asas e enquanto não for a hora da minha partida, deixai-me
voar de volta para os braços das pessoas que amo. E no dia que chegar a
hora de partir, que estas saibam que não morri, porque aviadores não
morrem, aviadores voltam ao céu por outras asas", escreveu Thyago em
2011.
Fonte: G1